segunda-feira, 10 de março de 2014

Como fortalecer minha vida de oração durante a quaresma?




Falei aqui no blog que o tempo da quaresma se mostra uma grande oportunidade para nos aproximar de Deus; um caminho espiritual que favorece uma relação mais íntima com nosso Criador e Redentor.

Mas muita gente pergunta: o que eu preciso rezar para que eu me encontre mais próximo de Deus? Primeiramente gostaria de dizer que podemos conseguir isso sem ter que passar “horas em oração”. O importante não é tanto o tempo, mas a qualidade de nossa oração. O teólogo norteamericano Robert Barron propõe cinco meios que qualquer católico pode usar para viver de modo mais intenso a sua quaresma:

  1. Oração diante de Jesus Sacramentado – cada dia reze alguns minutos na presença do Santíssimo Sacramento. Pode ser também uma vez por semana ou como for mais conveniente para você. A preocupação não é o que falar para Jesus. Tente simplesmente ficar com ele e ouvi-lo;
  2. A oração de Jesus – É uma oração muito antiga. Basta você repetir várias vezes durante o dia: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim, pecador”. Você pode rezar, como um mantra, enquanto trabalha, ou talvez quando estiver esperando o ônibus, preso no trânsito. Não importa. É possível rezar essa oração a qualquer momento e em qualquer lugar;
  3. Também como um mantra você pode rezar várias vezes durante o dia a jaculatóriaVinde, Espírito Santo”.  Simples, como Deus também é, essa oração pode estar em nossos lábios diariamente. Você pode rezar ainda uma oração completa do Espírito Santo, como, por exemplo, aquela que começa “Vinde Espírito Santo enchei os corações dos vossos fiéis...”;
  4. O terço – mesmo que faça algum tempo que você já não reza, aproveite para retomar essa boa prática da piedade cristã e que é igualmente um ato de amor à Mãe de Jesus;
  5. A missa – Se você tem faltado à missa dominical, faça o propósito de não faltar durante a quaresma. Se você está fiel à missa dominical, pode fazer o esforço de ir à missa diariamente.

Esses são cinco meios, você pode pensar em outros. O importante é estar com a mente e o coração voltados para Deus. 

sexta-feira, 7 de março de 2014

Quaresma: um caminho espiritual




Traçar   metas, estabelecer objetivos, focar um alvo. Todas essas são experiências humanas comuns. Para alcançarmos o que desejamos, porém, precisamos escolher os meios mais adequados que estão a nossa disposição. Por exemplo, alguém que quer ser aprovado em um concurso precisa decidir o que fazer para alcançar seu intento: estudar sozinho? Em grupo? Fazer um cursinho preparatório?

Assim também acontece em nossa vida espiritual. Um cristão que busca uma maior intimidade com Deus precisa utilizar os meios que nossa tradição tem descoberto e experimentado ao longo desses mais de 2.000 anos: a oração, a meditação da Palavra, a prática da caridade, os sacramentos etc.

Precisamente, a partir dessa dinâmica, podemos vivenciar o tempo quaresmal como um meio; mas preferimos chama-lo de “caminho” espiritual. O objetivo é fazer uma boa preparação para a celebração da Páscoa do Senhor. Todo cristão sabe da importância capital que é a Ressurreição de Jesus e que convém estar bem preparado para este momento. Então, o meio, ou o “caminho” proposto pela Igreja para conseguirmos este objetivo, é a vivência desse tempo (40 dias) que chamamos quaresma.

Para nos orientar melhor, ela nos convida a intensificar nossa prática da oração pessoal, do jejum e da esmola; lembrando sempre que essas práticas não são meras ações externas, mas fruto de nossa experiência espiritual com o Senhor. Precisamos nos perguntar se agrada a Deus ficarmos um dia todo sem comer se continuamos agredindo nosso próximo, muitas vezes difamando-o; não seria um jejum mais agradável a Deus “repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos” (Is 58,7a)? Preparemo-nos, pois, para a Páscoa do Senhor trilhando essas quatro semanas quaresmais, degrau a degrau, na certeza de que Ele nos acompanha em todo o trajeto (Mt 28,20).

terça-feira, 4 de março de 2014

Pau que nasce torto morre torto?





Esse é um ditado popular muito conhecido. Geralmente ele vem empregado quando queremos dizer que uma determinada pessoa não muda suas atitudes. Como se a pessoa estivesse "programada" ou "condenada" a agir sempre do mesmo jeito. Muitas vezes lembramos algumas ações praticadas por ela durante a juventude, às vezes até mais cedo, e que ainda se repetem na vida adulta. E sem pensar muito somos tentados a repetir: “É assim mesmo: pau que nasce torto, morre torto”. A mensagem central do tempo da quaresma, que iniciamos amanhã, porém, parece nos colocar em outra direção. Senão vejamos. O apelo forte durante esse período de 40 dias visa exatamente exortar as pessoas para uma mudança de vida, para uma conversão. A Igreja proclama a sua fé na possibilidade de o ser humano abandonar um estilo de vida que o escraviza, para um que o liberta. Ensinando assim, a Igreja se coloca no rastro da tradição bíblica que insistentemente relembra o chamado de Deus ao seu povo para que esse se converta; e a confiança do pecador no perdão renovador de Deus. O salmo 50 (51), que conhecemos como “miserere” se revela como uma boa síntese dessa fé bíblica. Temos um pecador que confessa sua culpa: “Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor! Por tua grande compaixão apaga a minha culpa!”(v. 3); uma prece pedindo a purificação interior: “Purifica-me com o hissopo, e eu ficarei puro. Lava-me, e eu ficarei mais puro do que a neve (v. 9); Uma oração de quem sabe que esta purificação é dom, é graça, é obra de Deus: “Ó Deus cria em mim um coração puro, e renova no meu peito um espírito firme” (v. 12); e um compromisso de buscar uma nova vida: “Vou ensinar teus caminhos aos culpados, e os pecadores voltarão para ti. Livra-me do sangue, ó Deus, ó Deus meu salvador! E a minha língua cantará a tua justiça. Senhor abre os meus lábios, e minha boca anunciará o teu louvor. Pois tu não queres sacrifício, e nenhum holocausto te agrada. Meu sacrifício é um espírito contrito. Um coração contrito e esmagado tu não o desprezas” (v. 15-19). No mais, Jesus inicia seu ministério justamente pelo convite à conversão: “O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Nova”. Lembremos, no entanto, que a conversão é um processo que perdura toda a nossa vida. Mesmo que em um momento sejamos capazes de reconhecer a grandeza de Jesus, e afirmar acertadamente que só ele tem palavras de vida eterna, como fez Pedro (Mt 8,29; Jo 6,68), podemos a qualquer momento negá-lo e dizer que não o conhecemos, da mesma forma que fez o referido apóstolo (Lc 22,57).

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