terça-feira, 8 de abril de 2014

“Tive maus pensamentos. Isso significa que já pequei?”


Fonte: http://diellyfontes.blogspot.com.br/


Algumas pessoas tem muita dificuldade na vida espiritual por conta dos “maus pensamentos”. Julgam que porque pensaram em fazer algo que não é bom, já cometeram o pecado. Falei no post anterior que o pecado não se identifica com o sentir, mas com o consentir.

Mas então qual a razão de rezar pedindo perdão porque pecamos “muitas vezes por pensamentos e palavras”? Quero partilhar com você hoje o ensinamento dos antigos monges da Igreja que são verdadeiros mestres espirituais. Espero que lhe ajude a viver mais tranquilamente com seus “maus pensamentos”.  Segundo esses mestres espirituais, para que a maldade penetre em nosso coração há um caminho em quatro etapas. Preste bem atenção!

A primeira etapa chama-se “sugestão”. É o momento em que a ideia de fazer algo ruim chega a nossa mente. Imaginemos que alguém viu onde um colega guardou uma determinada quantia e “pensou” em ficar com esse dinheiro. A pessoa ainda não pecou realmente por ter tido esse “mau pensamento” (ficar com o dinheiro que não lhe pertence). Ela foi tentada a fazer algo; mas ela ainda não decidiu se vai fazer ou não. Ela teve um mau pensamento!

A segunda etapa tem o nome de “conversa” ou “colóquio”. A pessoa do exemplo acima começa a pensar: “Eu estou precisando, vai me ser útil, poderei comprar algo que está me fazendo falta etc”. Mas a pessoa não tem condição de tomar uma decisão: pego ou não o dinheiro? Ainda está indecisa. Não podemos falar ainda em pecado neste estágio.

A terceira etapa recebe o nome de “combate”. É aquele momento em que o pensamento de ficar com o dinheiro insiste em ficar “martelando” a cabeça da pessoa. Trava-se um “combate interior” entre a sugestão de pegar o dinheiro e a vontade de resistir e não pegar aquilo que não lhe pertence. Nesse momento a vontade tem que ser forte e somente assim a pessoa pode vencer a tentação e não cair no pecado.

A quarta e última etapa chamamos de “consentimento”. Uma vez perdido o “combate” a pessoa decide cometer o ato sugerido pelo seu “mau pensamento”. Somente nesse estágio podemos falar em pecado em sentido estrito. E a partir desse momento, mesmo que algo exterior aconteça para impedir a concretização do ato, o pecado já foi cometido porque aconteceu no interior do coração; porque a pessoa já deu seu consentimento à malícia da sugestão.

Portanto, não basta pensar para pecar. Nas palavras do Padre Tomás Spidlik: “A pessoa é essencialmente aquilo que decide e não aquilo para o qual a atração dos sentidos a leva (...). Diante de Deus a pessoa é aquilo que livremente quer e não aquilo que sente contra a própria vontade”. Apesar de toda nossa fraqueza, ainda nos resta um pouco de liberdade para decidir. Ter consciência disso se mostra fundamental para o crescimento de nossa vida espiritual.

2 comentários:

Marcelo disse...

Gostei! minha duvida foi tirada. Agora tem fundamento para ajudar o penitente

Marcos de Aquino disse...

Muito boa a reflexão. Lembrei-me agora das aulas de Teologia Moral com o Prof. Dr. Pe. Moésio. O assunto não foi especificamente os sonhos, mas o contexto da reflexão me fez compreender claramente esses processos. Abraços.

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